quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A Via Crucis da ausência


Cala a minha boca com força, acerta a minha cara com as suas verdades, rasga minha indecência com os seus carinhos, corrompe meus medos com a sua doçura, sufoca minha loucura com a sua sanidade... Segura a minha mão ao preço de uma vida por que eu também quero segurar a sua.


Enquanto o mundo acontece em vão, eu me ocupo em lembrar de nós dois, mergulho em lembranças de momentos que a essa altura nem sei mais se não seriam somente memorias inventadas pela minha mente alcoolizada. A esse pensamento entorno um copo de vinho que está ao alcance de minhas mão tremulas.

Deixo um pouco de luz entrar por uma fresta na porta, miro-me no reflexo de um dos CD´s espalhados pelo chão e o que enxergo é a sua ausência e todos os efeitos devastadores dela sobre mim. mais vinho barato, acendo um cigarro.

Deito-me no chão, no computador uma música de Madonna me fala sobre corações congelados, as paredes à minha volta assumem um tom pastel, com o pouco de luz que entra, fazendo as vezes de pano de fundo para minha tarde blasé. As prateleiras, cheias de livros, me fazem lembrar algo sobre a faculdade, pinguins, professores, colegas de turma, o barzinho que a gente frequenta. Deus!!! Meu vinho está acabando. Abraço a garrafa, outro cigarro.

Engraçado como as coisas amorfas tendem a assumir as formas das coisas nas quais estamos pensando. Um, quase último, gole de vinho, um trago, espanto, quase derrubo a garrafa quando vi na fumaça expelida por mim os contornos turvos do seu rosto, sua boca pequena, seus olhos quase inexpressivos... Fico a principio tonto, envolto pela fumaça, logo depois completamente absorto, te observando. pareço escutar mil vezes e mil vezes mais você dizer que me ama, permaneço nesse transe até ser despertado pela luz que invade o quarto ao abrir da porta, é o meu cachorro que, junto com ele, traz o vento que dissipa a fumaça que antes me dizia coisas tão lindas. Maldito cachorro, malditas sejam todas as coisas que me afastam de você.

Ao inferno com a minha ânsia de experimentar o mundo, decepem meus braços que, por viver abraçando sensações morreu para o seu abraço, e a minha boca que profere calores, do que adianta devorar corpos se a minha boca também me afasta de você?

Acontece que ainda tenho fome, paciência e sede.


4 comentários:

Unknown disse...

Ta um texto bem legal...

gostei

beijossssss

Unknown disse...

Muito massa o texto

beijosssssssssssss

seu chato

Anônimo disse...

saber q esse texto foi dedicado a mim me faz lembrar de tantas coisas boas...
ainda te direi mais qntas vezes for preciso: eu te amo...

"malditas sejam todas as coisas que me afastam de você..."

Anônimo disse...

POXA MEU AMIGO VC ESCREVE BEM!!!!!!

BJS!